domingo, 13 de setembro de 2020

LÍNGUA PORTUGUESA

 Língua Portuguesa 6º ano

14/09

Caderno trilhas de aprendizagens página 36


ATIVIDADE 5

Conhecer outras culturas a partir de uma entrevista

Entrevista é um gênero que se caracteriza pela interação entre duas pessoas, o entrevistador e o entrevistado. No texto, a organização é apresentada em turnos de fala. No início da entrevista, há uma pequena introdução sobre o tema ou sobre o entrevistado. Há diferentes formas de registrar uma entrevista, em áudio e/ou vídeo, por escrito. Assim, quando a entrevista é publicada em formato de vídeo ela é editada, e quando está em formato de texto é transcrita, podendo sofrer edição também. A edição da entrevista é feita de acordo com o objetivo principal. Isso significa que, ao editar, escolhas são feitas, normalmente, do que é mais relevante, dependendo do público-alvo pretendido. Há, ainda, a possibilidade de fazer uma entrevista com interação por escrito, na qual o entrevistado responde escrevendo ao entrevistador.


VAMOS PRATICAR!

1. Leia o texto a seguir:

Entrevistas

16 de setembro de 2019

Uma visão diferente do Brasil

Os repórteres mirins João F. e Kauan S. entrevistaram uma refugiada síria, Ghazal Baranbo.

Durante a oficina de férias do Joca, os repórteres mirins Kauan S. e João F., ambos de 13 anos, tiveram a oportunidade de entrevistar uma refugiada da Síria.

Conheça a história da Ghazal Baranbo, que veio para o Brasil em busca de uma condição de vida melhor, e saiba mais sobre o conflito na Síria, que fez com que cerca de 5 milhões de pessoas deixassem o país em oito anos.

Você já se imaginou saindo do seu país sabendo apenas a própria língua e sem ter um lugar para onde ir? Essa é a história de Ghazal Baranbo, que fugiu da guerra da Síria com o marido e dois filhos, chegando ao Brasil só com algumas malas e sem saber o que fazer. 

Em entrevista aos repórteres mirins Kauan S. e João F., ambos de 13 anos, estudantes da E. E. Professor Orlando Geribola, em Osasco, São Paulo, Ghazal conta como foi a vida dela durante a guerra e a sua chegada a um país com hábitos diferentes.

Como era a Síria antes da guerra? 

Minha cidade, Damasco, era bonita, tranquila e tinha segurança. Por causa dos conflitos, ficou muito cara, muitas pessoas morreram e muitos foram para outros países. A minha vida na Síria era muito boa: tinha casa, carro, meu marido, que é engenheiro mecânico, havia o escritório dele, e eu trabalhava como dona de casa. Ao chegar ao Brasil, comecei a trabalhar como cozinheira. 

O que você fazia na Síria e com quem você morava? Algum parente seu ficou lá? Antes de me casar, eu morava com a minha mãe, pai e três irmãs e três irmãos. Todos moravam na mesma casa. Quando casei, comecei a morar com meu marido. Meu pai, mãe, três irmãos e três irmãs continuam na Síria. 

Por que vocês escolheram o Brasil?

Meu marido tinha ido para o Líbano. Quando voltou para a Síria, na fronteira, algumas pessoas o confundiram com alguém que tinha o mesmo nome, e ele foi preso por engano. Fiquei três meses sem saber o que tinha acontecido com ele. Quando ele saiu, disse: “Não posso mais ficar na Síria, preciso viajar”. Arrumei as minhas coisas na Síria e fomos para o Líbano de carro. Ficamos dez meses lá. Durante esse tempo, procuramos países para nos mudar, como Alemanha e Suécia, mas nenhum deles permitia que fôssemos para lá, porque não tínhamos visto [permissão para que um estrangeiro entre em um país].

Só o Brasil deixou que nós nos mudássemos sem documento e sem passaporte. Mas tenho uma prima que foi para a Alemanha. O marido dela viajou para lá de barco [para escapar da guerra, muitos sírios cruzam o Mar Mediterrâneo em embarcações para chegar à Europa] e depois de três anos ela foi para lá.

O que você sabia sobre o Brasil quando veio para cá? Qual foi a sua reação ao chegar a nosso país?

Eu só sabia sobre futebol, Amazônia, Rio de Janeiro e café. Eu também não falava uma palavra em português. Foi difícil para mim. Achei estranho, difícil. Passei cinco meses sem gostar daqui, mas, quando comecei a aprender português e conversar com os brasileiros, passei a gostar muito deles. Os brasileiros me ajudam bastante. 

O que você faz no Brasil hoje?

Eu trabalho como cozinheira de comida árabe. Há dois anos, nós tínhamos um restaurante e eu trabalhava como cozinheira-chefe. Agora, faço encomendas e cozinho na minha casa. 

Por que as mulheres muçulmanas usam véu?

A minha religião, o islã, diz que preciso usar véu. As mulheres começam a usar mais ou menos com 13 anos [quando costumam entrar no período reprodutivo da vida]. Quando estou em casa com meu marido, meu pai, meus irmãos e meu sogro, não preciso usar. No entanto, quando tem outro homem que não seja um desses em casa, tenho que usar. Na rua, preciso vestir para não deixar que todo mundo veja o meu cabelo e o meu corpo. 

Você tem vontade de voltar para a Síria?

Sim, mas não agora. Meus filhos estudam aqui. Quero voltar para a Síria quando eles terminarem a faculdade [além de Yara, de 14 anos, e Riad, de 17 anos, no Brasil, Ghazal teve mais uma filha, Sara, de 4 anos].

Alguém da sua família já morreu na guerra?

Da minha família, não. Mas algumas amigas, sim. Eu sou de Damasco, não tem guerra lá, mas jogam bombas na cidade de vez em quando. Depois que passa, todo mundo volta para sua vida. As pessoas já estão acostumadas.

Fonte: https://www.jornaljoca.com.br/uma-visao-diferente-do-brasil-3/. Acesso em 24 jun. 2020.


VAMOS PRATICAR!

a) No texto lido, quem é o entrevistado? Quem é o entrevistador?

b) Por que motivo Ghazal Baranbo foi escolhida para ser entrevistada? Explique.

c) Retorne à entrevista. Em que tempo as ações estão acontecendo:

( ) presente

( ) passado

( ) futuro

d) Observe o trecho da entrevista:

“Minha cidade, Damasco, era bonita, tranquila e tinha segurança.”

Explique, de acordo com o contexto, o uso desse tempo verbal na resposta da entrevistada.



SEGUE NA PRÓXIMA AULA...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário, responderemos o mais breve possível!